terça-feira, 9 de abril de 2013

Semblante





Semblante

Hoje, contemplei a tua espádua curvada…
Bordão dos meus soluços desprovidos de razão
Refúgio das marcas que a idade exalou
Ora pela dor
Ora por amor, a tua imagem.

Nas rugas que esboçam o teu rosto
Hoje, exaltei o tempo aportado no teu mar

Do teu olhar quase cego e pouco
Do que sobejou da audição
Defrontei, marcas primeiras do teu dispersar

Pude enxergar, o fenecer intrínseco
Na ressurreição de um novo dia

Hoje
Hoje eu venerei-te.
Não igual o fizera outrora, vezes inúmeras
Mas como quem quer arquivar derradeiro semblante
Ao exalar o último suspiro, fixei-te

Hoje
Hoje, eu nada mais quis
Senão me esmerar a aquele ensejo.



 Santos Beitrande

3 comentários:

  1. a vida é feita de caminhos que a cada momento nos faz perceber que nada está parado. somos todos peregrinos e nossos semblantes modificam-se a cada instante mesmo sem nos dar-mos conta. olhe e páre um pouco que perceberás que a mudança te acompanha. valeu o poema é real

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  2. Respostas
    1. Deveras interessante sua abordagem em relação ao poema, meu caro Laregil Dos Santos, porém o semblante invocado nos versos desse poema vai muito mais além da capacidade de se adaptar aos diferentes momentos da vida...

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