sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Aleluia



Maria, que não é cheia de graça, tem desgraça,
Que o fruto do seu ventre não é Cristo,
Gerou Genito, filho unigénito.
Maria, que do espírito santo não concebeu,
Gritou gemidos do orgasmo sexual,
Criou solitária o seu feto.

Maria, que maquinalmente lutou heroicamente,
Vagia incansavelmente nas batalhas vitais,
De pés nus, posou no gelado tapete areeiro do inverno,
E não a escapou o ardente de verão,
De onde veio o bolor que uma vida ergueu.

Maria chora pela agonia do sangue derramado,
Do seu santo amado, formara-se advogado,
O destino de lutar pela causa de um povo,
Assaltou-o a vida,
Em nome do pai, do filho e do espírito santo, amém.  


Maria, ainda chora o fruto do seu ventre,
Não crucificado, baleado.
Amém.



Artilde Nhabete