terça-feira, 11 de novembro de 2014




Quando
A noite me chegar
E o silêncio
Cobrir meu corpo de ave
Levem-me de volta
Ao jardim das aspirações
A essa imensa bruma
De estrelas incandescentes
Onde aprendi a ser piso
E dei ao tempo
Minhas asas a beber



Santos Beitrande

segunda-feira, 1 de setembro de 2014



Há um itinerário a percorrer
Cheio de buracos de estrada
Em todos os bons e os maus momentos
E chuva à espreita, no mistério de um olhar

E ainda em vaticínio de um futuro incerto
Pés estranhos
A silenciar o cantarolar das matas
Que nos dão uma nova rodovia sem sinalização

No entanto, em algum lugar
Dorme um rosto
Embalado num sonho
Para nunca acordar!


Santos Beitrande



segunda-feira, 21 de julho de 2014

Quando a hora chegar não quero estar lá
Não quero sentir a dor do justo chicote
Nem o punho duro que sobre todos cairá
Quando a hora chegar quero estar longe
Bem afastado da vingança entre os sanguinários
Que sem dó se esmagam numa ambição sem fim
Quando a hora chegar quero ser pó
e não ver o presságio da desgraça que essa gente sentirá
Quando a hora chegar chorarão os corruptos
Gritarão os mudos e os surdos ouviram a voz da esperança
Quando a hora chegar quero estar bem longe
E de lá observar a lenha seca a arder
No fogo que durante anos foi preparando
irrigado pelo sangue inocente
Quando a hora chegar
sorrirão os justos e os sem nome.


Laregil dos Santos 

segunda-feira, 2 de junho de 2014


Ao entardecer

Examino com apreensão os teus acanhados olhos escuros
E entre o fulgor dos astros que nos molham o pensamento
Não te avisto. Nem a ti, e nem a alma que te rouba os pecados
Intrínsecos ao sentimento que te abraça, que te afaga e não resigne.

Agora amontoas silêncios no canto escuro do teu universo
Pois a solidão que te devora consome ainda o ego que tens lacrado.
Já não tens mais sorrisos para ofertar e nem estrelas que te iluminem.
As que furtaste no empíreo também se ausentaram, te abandonaram

Hoje, longe da robustez que outrora te orgulhara
Junto as paredes de um tempo que a memória arruinou
Buscas a luz do sol nas tormentas que trespassam o teu rosto.
Queres tocá-la e abraçá-la. Mas não podes, a terra extorquiu os teus sonhos.
II
Mas ei-la sorrindo em meio a tempestade
Pura e cheia de amores, dança
E não descansa sob o bater das ondas
Nem o dia que se vai
Caminha sobre a praia sedenta de carinho
Apenas pensa no que a satisfaz.

Amo-te como o entardecer da aurora
Não há realidade sem sonho
E o teu que perdido estava
Agora tão vivo e risonho
Reacende a chama
Que havia sido apagada.
O desejo de ti afaga
O que dantes era dor
Talvez nem a morte separa
O que chamamos de eterno amor.


Santos Beitrande – Moçambique & Márcio Vidal Marinho - Brasil


quarta-feira, 19 de março de 2014

Nada nunca igual



Nasce, é novo!
A penumbra confunde-me à Mente!
Contemplo em Tudo! Nada igual!
Vivo numa eterna Novidade!
O Vento, já não sopra fraco ao moderado!
Nem de Este à Oeste!
Já não se choram as mesmas Dores!
Nem se clamam os mesmos Amores!
Os diferentes Olhares emergem dos mesmos Olhos!
Os Sorrisos jogados, as caídas Lágrimas, rejuvenescem!
Os Estrondos que se fazem no íntimo da Alma,
E as gargalhadas no alto do Coração,
Já não se sentem do mesmo jeito!
Contemplo em Tudo! Nada igual!





Artilde Nhabete

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Verão


No verão
Tudo se põe a vista

Figuras ao léu
Renunciam o apreço dos semelhantes

O vento empurra as infindas tristezas
Que encobrem o céu refulgente, mas porque é pouco pano
Para tamanha largura, os olhares divergem quanto a sua valia.
E nesse mesmo desfile, a vergonha se ausenta e perde autenticidade.







Santos Beitrande