segunda-feira, 2 de junho de 2014


Ao entardecer

Examino com apreensão os teus acanhados olhos escuros
E entre o fulgor dos astros que nos molham o pensamento
Não te avisto. Nem a ti, e nem a alma que te rouba os pecados
Intrínsecos ao sentimento que te abraça, que te afaga e não resigne.

Agora amontoas silêncios no canto escuro do teu universo
Pois a solidão que te devora consome ainda o ego que tens lacrado.
Já não tens mais sorrisos para ofertar e nem estrelas que te iluminem.
As que furtaste no empíreo também se ausentaram, te abandonaram

Hoje, longe da robustez que outrora te orgulhara
Junto as paredes de um tempo que a memória arruinou
Buscas a luz do sol nas tormentas que trespassam o teu rosto.
Queres tocá-la e abraçá-la. Mas não podes, a terra extorquiu os teus sonhos.
II
Mas ei-la sorrindo em meio a tempestade
Pura e cheia de amores, dança
E não descansa sob o bater das ondas
Nem o dia que se vai
Caminha sobre a praia sedenta de carinho
Apenas pensa no que a satisfaz.

Amo-te como o entardecer da aurora
Não há realidade sem sonho
E o teu que perdido estava
Agora tão vivo e risonho
Reacende a chama
Que havia sido apagada.
O desejo de ti afaga
O que dantes era dor
Talvez nem a morte separa
O que chamamos de eterno amor.


Santos Beitrande – Moçambique & Márcio Vidal Marinho - Brasil