quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Corrompidas e gemidas


Cobertas de negro, são enlutadas almas,
Cujos sofismas de discursos políticos assassinam-lhes a inocência,
Vagiam nos rótulos das propagandas políticas prateando hipocrisia!

Escorrendo nas artérias do Povo,
Que tivera outrora a boca rasgada pelo sorriso
Cuja angústia da Democracia egocêntrica e
Demoníaco sabe bicar,
É a imarcescível vontade de emergir,
Abalada uma vez mais!

Parentes meus!
Eles sabem, e fingem que não sabem, 
Que têm saia costurada pela língua
Que nunca chegam a envergar à mente!
Abandonados pelo patriotismo sofismam décima a segundo!
Não curaram o tumor do passado,
Lubrificam-no pelo Sangue do Povo!

 Eu
Sou Povo
Que andara pelas pontas dedos gingais,
Andando pelos calcanhares lacrimejando PAZ usurpada!
Sou desse chão, onde a fome junta a vontade de comer,
Não tem bolor!
Sou desse chão, onde o Homem junto a vontade de trabalhar,
Não tem Recursos nem Posto!

Eu
Sou desse chão:
Onde a felicidade é nostálgica,
 A pobreza, as munições, as armas, as minas, os mísseis
 Conseguidos pelo dinheiro que não consegue comidas, assassinam-na!
Yoo, Nhandayeyo!

Artilde Artifice

terça-feira, 8 de outubro de 2013

louco

No solo duro que sustém os meus tristes episódios
Por entre quelhos e labirintos estendido,
Igual a claridade que se agacha no desfecho de qualquer dia
Pereço em meio as vozes que serpenteiam o meu rosto.

Ditosos semblantes
Me declaram louco.
Louco!
E nesse instante

Do meu confrontado peito
Malogrados vagidos se escapam
E se aconchegam na minha imperceptível voz.
Louco!

Meus lábios gritam e renegam
Os distúrbios da minha figura insana
Louco? Louco não.
Apenas mais um doente mental!


Santos Beitrande

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Re - escravatura





Quem diria que voltaria a escravatura
Que comparsa com comparsa lutaria
Que objectivos da nação seriam de um punhado
E que promessas falsas seriam o pão de cada dia…

Africano, negro e irmão meu
Que do mesmo peito nós mamamos
Que das mesmas mãos nós nos aquecemos
Que dos mesmos sonhos nos esperançamos
E da mesma vida nos conduzimos,

Africano, negro e irmão meu
Que dor tenho do chicote da violência
Que sobre mim impões 
E sobre minhas costas fazes dançar
Ressuscitando cicatrizes minhas…

Que dor receber de ti o golpe mortal
Do puro e claro roubo
Que sobre minha miséria colocas
E minha voz, abafas
Com promessas falsas…

Que dor, africano, negro meu
Receber de ti a mesma chicotada
Que outrora dançava nas costas dos meus ancestrais
Que dor sentir de ti
O desprezo que outrora os unia…

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Aleluia



Maria, que não é cheia de graça, tem desgraça,
Que o fruto do seu ventre não é Cristo,
Gerou Genito, filho unigénito.
Maria, que do espírito santo não concebeu,
Gritou gemidos do orgasmo sexual,
Criou solitária o seu feto.

Maria, que maquinalmente lutou heroicamente,
Vagia incansavelmente nas batalhas vitais,
De pés nus, posou no gelado tapete areeiro do inverno,
E não a escapou o ardente de verão,
De onde veio o bolor que uma vida ergueu.

Maria chora pela agonia do sangue derramado,
Do seu santo amado, formara-se advogado,
O destino de lutar pela causa de um povo,
Assaltou-o a vida,
Em nome do pai, do filho e do espírito santo, amém.  


Maria, ainda chora o fruto do seu ventre,
Não crucificado, baleado.
Amém.



Artilde Nhabete


segunda-feira, 29 de julho de 2013

À Vanessa Dos Santos

Dedicado à Vanessa Dos Santos

Mais do que nunca
Melhor do que
Os sonhos forjados
Na penumbra da vida

Ascende
E refaz-se
Em cada olhar,
A luz de um novo dia

E como todas as flores
Na ressurreição da sua figura
Inspiras afagos que assaltam o olhar
De quem, a ti, a augusta existência avizinhou

Guardai-me, impetro
Sobre a aura desta voz
Que nada disse
Mas em silêncio, te falou…



Santos Beitrande

sexta-feira, 24 de maio de 2013

Esquizofrénico



Esquizofrénico

Louco, sou maluco embebedado de surto, psicótico,
Pirei!
Sou o vira latas nos contentores da humanidade,
Viando centímetros e milhas,
Sou certo a caminho do incerto!

No meu discurso falatório,
 Implacavelmente promovo baratos tumultos, gemo,
Insulto, bato, destruo, queimo, mato, corro, rio, grito,
Danço irredutível e maquinalmente!

Resultado do acaso, se não de Drogas,
Sou esquivo, ridículo,
Sou medronho, ameaça pública,
Sou diferente de mim mesmo!

Atinado à mais, se não à menos,
Sou subalterno nas passarelas da humanidade,
Sábio, sou analfabeto nas mentes desta gente,
Alimentada de preconceito!

Viajo irredutivelmente na minha loura,
Tentando contornar a minha maluquice,
Encontro um Eu que nunca é Eu,
O  mundo à volta,
Tumultua a minha lucidez ridicularizada,
Sábio de consciência pirada, sou falhado,
Pirei!
Esquizofrénico

Artífice Artilde





 

quarta-feira, 22 de maio de 2013

Simples? Ser Poeta



Simples? Ser Poeta
Ser poeta neste mundo
em que as letras fugiram da escola
em que o saber está em plagiar
em que a vida está no barrulho
nada mais é senão luta sem vitória

mas, por mais que a luta seja vencida pelo barrulho
por mais que o sabor das letras se confunda
por mais que o fazer sem conteúdo
e o perder tempo tentando ganhando-o
sufoque esta beldade
as palavras me levam a dizer:

ser poeta é simples
basta que se escute a voz do coração.
mas como escutar sem ouvidos
como ter ouvidos num mundo de ver
e como ver a beleza artística sem olhos
mas para quê ter olhos se nada tens a contemplar?

ser poeta é simples
é tão simples que poucos conseguem
é tão simples que poucos rumam por este mundo
é tão simples que as cabeças doem de tanto pensar
é tão simples que até os ouvidos do mundo se fecham
e as vozes se calam,

Lázaro Gil (Laregil dos Santos)