Quem
diria que voltaria a escravatura
Que
comparsa com comparsa lutaria
Que
objectivos da nação seriam de um punhado
E
que promessas falsas seriam o pão de cada dia…
Africano,
negro e irmão meu
Que
do mesmo peito nós mamamos
Que
das mesmas mãos nós nos aquecemos
Que
dos mesmos sonhos nos esperançamos
E
da mesma vida nos conduzimos,
Africano,
negro e irmão meu
Que
dor tenho do chicote da violência
Que
sobre mim impões
E
sobre minhas costas fazes dançar
Ressuscitando
cicatrizes minhas…
Que
dor receber de ti o golpe mortal
Do
puro e claro roubo
Que
sobre minha miséria colocas
E
minha voz, abafas
Com
promessas falsas…
Que
dor, africano, negro meu
Receber
de ti a mesma chicotada
Que
outrora dançava nas costas dos meus ancestrais
Que
dor sentir de ti
O
desprezo que outrora os unia…