Ao
entardecer
Examino
com apreensão os teus acanhados olhos escuros
E
entre o fulgor dos astros que nos molham o pensamento
Não
te avisto. Nem a ti, e nem a alma que te rouba os pecados
Intrínsecos
ao sentimento que te abraça, que te afaga e não resigne.
Agora
amontoas silêncios no canto escuro do teu universo
Pois
a solidão que te devora consome ainda o ego que tens lacrado.
Já
não tens mais sorrisos para ofertar e nem estrelas que te iluminem.
As
que furtaste no empíreo também se ausentaram, te abandonaram
Hoje,
longe da robustez que outrora te orgulhara
Junto
as paredes de um tempo que a memória arruinou
Buscas
a luz do sol nas tormentas que trespassam o teu rosto.
Queres
tocá-la e abraçá-la. Mas não podes, a terra extorquiu os teus
sonhos.
II
Mas
ei-la sorrindo em meio a tempestade
Pura
e cheia de amores, dança
E
não descansa sob o bater das ondas
Nem
o dia que se vai
Caminha
sobre a praia sedenta de carinho
Apenas
pensa no que a satisfaz.
Amo-te
como o entardecer da aurora
Não
há realidade sem sonho
E
o teu que perdido estava
Agora
tão vivo e risonho
Reacende
a chama
Que
havia sido apagada.
O
desejo de ti afaga
O
que dantes era dor
Talvez
nem a morte separa
O
que chamamos de eterno amor.
Santos
Beitrande – Moçambique &
Márcio Vidal Marinho - Brasil