quarta-feira, 24 de abril de 2013

Quem sou eu?



Quem sou eu?


Isolado da figura
A qual tão cedo de mim desertou
Sem destino insigne, aparto a pretensão da razão
Que fora meu guia até exalar o último suspiro

Mas, quem sou eu?
Um homem?
Ou cadáver que viu
O álcool tornar-lhe indigente?

Quiçá individuo cujo cadastro nada oferece
Além de um alojo aferrolhado
E sentença para habitar no fusco eterno

Ou mero recluso
Estorvado a restituição social
E que por isso, subsiste para ter o seu indulto

Brio de uma alma depredada por uma peçonha facínora
Que a tornou aziaga e descriminada
 Por todos os que ao vento levaram
 A mão, unicamente para apontar e vituperar

Ora quem sou eu?
Um drogado que viu sua existência espavorizada
Em meio tanta fumaça vedar o horizonte de sua vida?

Larápio cuja vida em nada mais o amestrou?

Homem que anteviu seu termo
E não renunciou?
Foi mais além do que os olhos podem descrever?

Mas quem sou eu?
Mais um coração que a dor trucidou?
Ou rio cujas lágrimas o tempo não enxugou?

Quem sou eu?
Senão, nada mais, além do que o escrito certifica…





Santos Beitrande

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